Nesses últimos dias tenho mergulhado em um profundo livro da autora Landa Cope chamado ” Deus e a Justiça Política – Um Estudo sobre a Governança Civil de Gênesis a Apocalipse”.
Nesse maço de conhecimento histórico onde a autora usa premissas bíblicas para o entendimento sobre a justiça, desigualdade, problemas sociais e principalmente a vontade humana, free will, podemos ver em sua maior parte do livro um resumo de como o Antigo Testamento traz a desobediência humana e o empurranzinho de Deus para que seu povo volte e olhe para Ele e O tenha como princípio moral.
Bem, com isso me deparei com muitas cenas dos acontecimentos brasileiros atuais, me levando a pensar sobre as principais discussões existentes em foco, como aborto, racismo e como cabeça de tudo a governança exercida por nossas escolhas.
Quero apresentar um breve parágrafo onde a autora apresenta na página 296 de seu livro.
Deus pode e deseja usar qualquer pessoa, e todo líder é um pacote misto. Deus usou reis bons para trazer tempos difíceis para Israel, reis maus para trazer bênçãos e vice-versa. Alguns dos bons reis adoeceram e morreram na juventude, enquanto reis maus viveram uma longa vida e até foram curados. Grandes líderes políticos geraram filhos terríveis e alguns poucos dos maus geraram filhos que foram grandes líderes políticos. Certamente, escolhido não significa perfeito, pois vemos que todos os bons líderes tinham problemas significativos. A economia não era um bom indicador do caminho em que a nação caminhava, ao passo que algumas vezes a economia implodia quando o maus estava do poder e às vezes decaía quando um rei pouco mais justo reinava. Às vezes os planos dos maus sucederam e os planos dos bons falharam. Os inimigos que se levantaram contra Israel sempre vieram do Senhor, independentemente se o então líder fosse bom ou mau. Deus respondeu ao clamor do povo e também respondeu o clamor do líder político, sendo ele bom ou mau. Os líderes e o povo de Israel vieram da mesma origem ambiental e cultural e ambos foram se deteriorando enquanto sociedade. O povo sempre voltava aos maus hábitos, independentemente de quem estivesse no poder. A ênfase de Deus não estava na perfeição do líder. Um líder bom não garantia prosperidade e um líder mau não significava decadência.
Depois de ler e reler essa passagem que Landa coloca em um dos capítulos, sendo esse um resumo de como Deus usa governantes nos livros de reis, lembro-me de quando estudando o livro de Reis na Escola Compacta de Estudos Bíblicos o nosso Tio Eliezer nos fez a pergunta: Quem está no trono do seu coração? Pergunta talvez muito usada por ele para dar impacto sobre como iríamos nos portar quando a aula terminasse. Com essas indagações, seja do Tio Eliezer ou também com as que Landa imparcialmente nos deixa no livro, fiquei questionando sobre como entender nossa justiça arbitrária em nosso país e como socialmente ela pode ser justa quando nos esquecemos que os princípios morais estão um pouco esquecidos em nossas comunidades.
O que mais ouvimos falar nesses últimos dias é sobre nosso próximo governante, quem será? Abortista, racista, homofóbico, preso político, economista, esquerdista, coxinha, petralha, bancada evangélica, traidor a causa e tantos outros argumentos para tantos que estão se candidatando a presidência, sem falar em outros cargos. Infelizmente nosso país está bem dividido, por um lado bom, parece que há formadores de opinião, por outro sabemos da grande massa controlada por pensadores que não estão preocupados com a justiça real.
Quando abordado o tema Governança Política, devemos pensar quase que imediato em Justiça Política e Econômica, tratando ambos assuntos de forma ríspida e como parte estrutural de uma comunidade. Lembrar que falar desses assuntos não é se “executivos recebem mais, mas se os trabalhadores estão recebendo o suficiente” (Cope, Landa – pág. 304, O Pobre). Com essa premissa devemos nos prender se o fato de um país ser rico e abastado não é o quanto dinheiro possui mas com qual veemência trata os órfãos, viúvas e os pobres dos pobres. E aqui entro na parte que creio ser essencial para entendermos como Deus nos provê uma visão clara sobre o cerne do assunto Justiça.
Muitas vezes podemos pensar que a cosmovisão de pobreza é somente não ter dinheiro e assim consequentemente não ter bens materiais, comida e afins. Porém em uma breve pesquisa sobre cosmovisão podemos mudar nosso pensamento sobre isso, sendo que cosmovisão cultural não se aplica somente nessa categoria. Em desenvolvimento comunitário podemos ver vários exemplos sobre como alguns povos definem pobreza em sua visão do mundo. Segundo o banco mundial, dados de 2000, pobreza para algumas comunidades são:
“doença, humilhação, vergonha. Nós somos aleijados; nós temos medo de todas as coisas; nós dependemos de todos. Ninguém precisa de nós. Somos como lixo que todos querem se livrar.” – MOLDÁVIA
Quando eu não tenho nenhuma comida para trazer para minha família, eu pego emprestado com meus vizinhos e amigos. Eu me envergonho de chegar para os meus filhos com nada para alimentar a família. Não me sinto bem desempregado. Isso é terrível! – GUINEA-BISSAU
“Se você tem fome, você sempre irá ter fome; se você é pobre, você sempre será pobre” – VIETNÃ
“O pobre se sente sem nenhum poder e habilidade de se fazer ouvido” – CAMARÕES
Sendo estabelecido que pessoas enxergam de formas diferentes o conceito de pobreza, Deus olha para isso e coloca tudo em um pacote moral e social, dando o princípio das escolhas o real resultado de como uma sociedade vai caminhar para a saída do caos.
Pensar assim não somente muda a perspectiva “político é tudo igual” mas traz o igualdade de saber que não somente os políticos são iguais como pobre e ricos também, e aqui não estão falando de status sociais mais sim de escolhas voltadas nos princípios.
Entendo que a prepotência dos mais pobres esteja voltada na ação de quem detém o poder, e para isso a bíblia é bem clara sobre como a justiça deve agir com as causas dos menos favorecidos, como em Jeremias 22:3:
Assim diz o Senhor: Administrem a justiça e o direito: livrem o explorado das mãos do opressor. Não oprimam nem maltratem o estrangeiro, o órfão e a viúva; nem derramem sangue inocente neste lugar.
Para encerrar meu pensamento, gostaria de enfatizar que a Justiça de Deus é estabelecida por Ele, sendo óbvio isso, porém Ele nos permite responder a cada questionamento dEle sugerido. A ênfase aqui não é sobre para onde segue a escatologia, mas sim para onde segue a humanidade até que se cumpra as vontades irrevogáveis de Deus. Olhar para o A.T. e ver as consequências geradas pelos desvios criados pelo achismo, primeiramente de um povo onde Deus precisa colocar “líderes” para que o mesmo não se desvie, elevar juízes para lembrar que os caminhos seguidos são maus e estabelecer reis para suas próprias quedas. Tudo isso infelizmente só estabelece como o povo tem padecido ainda por falta do conhecimento da verdade, que creio essa ser Cristo.
Precisamos resgatar os princípios governamentais gerados por Deus para que o povo continue no caminho da justiça social.
Se o Senhor impusesse a obediência, ele se tornaria um “feitor” e deixaria de ter autoridade. Ele nunca impõe a obediência, mas, se assim que o conhecemos lhe obedecemos, ele imediatamente se torna nosso Senhor, e viveremos em adoração a ele da manhã à noite. O que revela o meu crescimento na graça é a maneira de como encaro a obediência. Temos que tirar da lama a palavra “obediência”. A obediência só é possível entre iguais, é o relacionamento entre pai e filho, não entre amo e servo. “Eu e o Pai somos um”. “Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu”. A obediência do Filho foi a do redentor, porque ele era Filho, não para que se tornasse Filho.
– Oswald Chambers, Tudo para Ele